quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Tomados: Pêra-Manca Branco 2007, Pêra-Manca Tinto 2005, Quinta do Mouro Rótulo Dourado 2005

Esses eu tomei.

Excepcionalmente estou postando em conjunto esses três vinhos que foram tomados na mesma balada. Um almoço espetacular no Restaurante Luar de Janeiro em Évora (Alentejo), no dia 1º de fevereiro na usual e agradável companhia da Giovana, Taciana e Rodrigo.

Chegamos em Évora na expectativa de almoçarmos no famoso restaurante “Fialho”. A frustração com a notícia de que o Fialho estava fechado (era uma segunda-feira) foi acalentada pela recomendação do restaurante Luar de Janeiro (http://www.luardejaneiro.com/), indicado como um restaurante artesanal considerado o melhor do Alentejo pelo recepcionista do Hotel Pousadas de Portugal – Évora (esse hotel é um capitulo que fica para outra ocasião).

Do hotel, caminhamos alguns minutos pelas estreitas vielas de Évora e chegamos ao restaurante, Fomos recebidos pelo dono e a sua esposa: “a cozinheira”. Logo na entrada há uma estante com quase todas as safras do Pêra-Manca, viu-se aí qual seria a recomendação da casa para o vinho.
Assim, começamos com branco 2007, acompanhado das entradinhas que não paravam de chegar – coelho desfiado, bacalhau desfiado com grão-de-bico, pataniscas de bacalhau (lascas de bacalhau empanadas), presunto da serra, lomito, queijo de ovelha amanteigado, empada de galinha, omelete de aspargos, azeitonas, pão, azeite Cartuxa Álamos e etc.

O PÊRA-MANCA BRANCO 2007: Vinho espetacular, perfeito, equilibrado, macio, floral, realmente delicioso. Sem dúvida um dos melhores brancos que já tomei. Tem a maciez dos brancos da Borgonha e mantém a robustez dos lusitanos. Tão bom que até a Taciana repetiu a taça, foi "quiném água". Como diria o Carlão pai: “A garrafa deve ter vindo furada!”

Terminado o branco, pedimos para o dono do restaurante a óbvia indicação do tinto. Não poderia ser outra: “Agora tens que tomar o tinto”. Questionamos qual safra ele nos recomendava, uma vez que a adega do restaurante dispunha de quase todas a safras recentes e algumas garrafas de safras antigas, inclusive uma do século XIX. Sua recomendação veio na linha do que já havíamos apreendido com o grande Luis Pato na Bairrada (aguardem descrição completa deste encontro nas próximas postagens). Apreendemos que os vinhos do Alentejo devem ser tomados jovens! ( um choque para os nossos “conhecimentos” sobre vinhos português). As safras muito antigas são puro fetiche. Vinhos produzidos em regiões quentes, em regra, não têm grande potencial de guarda. Assim, recomendou-nos, e trouxe-nos, e nós tomamos, uma garrafas de Pêra-Manca tinto 2005 (igualzinho aquele que o Carlão pai guarda na adega dele e que tá em vésperas de ser tomado). Quando a garrafa chegou já anunciou que teríamos um cabrito assado com batatas e arroz de hortelã para o almoço (isso mesmo, esquece esse negócio de cardápio... rs...).

O PÊRA-MANCA TINTO 2005: Não preciso dizer que é um vinho encorpado. Vinho robusto com muita fruta e com os taninos equilibrados. Redondíssimo. Como diz o diz o Rodrigão: “elixir”! Com o cabrito então... Diga-se de passagem, o cabrito estava um espetáculo, desmanchando. A Giovana e Taci colaboraram muito mais do que usualmente fazem e a garrafa terminou em poucos minutos (Mais uma que “veio furada”). Sem dúvida nenhuma a principal característica deste vinho é sua efemeridade (no popular: “gosto de pouco”). Realmente é um grande vinho, merecedor da fama que ostenta. Impressiona pela potência, mas esse é o barato do Pêra-Manca, agora eu entendo que guardá-lo demais pode até deixá-lo mais suave, porém, descaracterizado. O melhor que ele tem a oferecer é a potência da fruta. Tá aí, pra conhecer... só tomando... Só de saber que eu fiquei policiando o Carlão pai pra guardar o 2005 que ele tem... Mea maxima culpa, Carlão: Tamo aí pra tomar o seu 2005 e o meu 2001. Zé Meulindo idem para suas garrafas 1995 e 1997... Tamo perdendo tempo!

Como o PÊRA-MANCA não deu nem pro cheiro, ainda tinha muito cabrito na travessa. Solicitamos nova sugestão de safra para o dono do restaurante (que falha não lembrar do nome dele, a esta altura já era nosso amigo íntimo). A sugestão foi para que tomássemos um outro vinho do Alentejo, mais especificamente de Estremoz (40 km de Évora), o QUINTA DO MOURO RÓTULO DOURADO, indicado como um vinho superior, ou na pior das hipótese, do mesmo nível do Pêra-Manca. Aceitamos a recomendação do vinho e da safra, a mesma do Pêra-Manca tinto (2005).

O QUINTA DO MOURO RÓTULO DOURADO 2005: De fato, não perde nada para o Pêra-Manca. Tem características semelhantes, justificando o terroir do Alentejo. Também delicioso, ainda mais frutado que o Pêra-Manca, bem frutado mesmo. Difícil dizer qual gostei mais. Robusto, ainda mais “vivo” que o Pêra-Manca. Grande Vinho, perfeito com o cabrito, especialmente com o arroz de hortelã (com o arroz caiu melhor do que o Pêra-Manca). Mesmo sendo a terceira garrafa do almoço – o que só foi possível graças a ajuda das meninas (Taciana: “Eu te considero pra c...! Você óooh... te considero!”) – foi rapidinho. Nesse Luar de Janeiro só servem garrafas furadas, os vinhos não duram! Fujam desse lugar! Rs...

Enquanto degustávamos o QUINTA DO MOURO e o finalzinho do cabrito, coincidentemente apareceu no restaurante o Dr. Miguel, dentista na cidade de Évora e proprietário da QUINTA DO MOURO. Sentou-se na nossa mesa e batemos um grande papo sobre o Brasil, Portugal e especialmente sobre o mercado de vinhos. Explicou-nos que suas pretensões como produtor de vinho é a fidelidade ao terroir do Alentejo e ao jeito português de fazer vinhos, sem se curvar às tendências do mercado. O vinho que tomamos é o “top” da Quinta do Mouro, por isso o rótulo dourado, só é produzidos em anos excepcionais como foi 2005. Esse vamos tomar mais pelo menos duas garrafas em breve, pois eu e o Rodrigo trouxemos mais uma garrafa cada um.

Gentilmente, o Miguel nos convidou para no dia seguinte ir conhecer a Quinta do Mouro, obviamente, nós aceitamos.

O almoço terminou com uma mesa cheia de docinhos portugueses e com a Taciana me considerando ainda mais.

No dia seguinte, depois da visita à adega Cartuxa, produtora do Pêra-Manca, fomos à Quinta do Mouro. Lá fomos recebidos pelo Luis, filho do Miguel, que nos mostrou as instalações da Quinta e da Adega e nos explicou pormenorizadamente o processo artesanal como os vinhos são produzidos lá. Foi muito legal conhecer uma adega artesanal. Na sequencia fomos conhecer a adega Monte Branco de propriedade do Luis, esta uma adega mais moderna que produz o vinho Alento branco e tinto.

Adega do Palácio Buçaco


Tivemos a oportunidade de nos hospedarmos no Palácio Buçaco, um castelinho situado no centro de Portugal, envolto por uma mata de preservação nacional, na região da Bairrada.
O curioso deste Hotel é que eles produzem seu próprio vinho (ou ao menos participam da produção - pois é provável que comprem uvas de vários produtores da região).
O restaurante do Hotel é muito bom, tem o famoso leitão da Bairrada, e a carta de vinhos é interessante, porque traz os vinhos da casa apenas listados por safra - tanto os brancos como os tintos - e há realmente diversas safras à venda. Há outros vinhos na carta, mas seria uma heresia pedi-los.
O vinho da casa é muito bom, encorpado e frutado, mas varia muito de safra para safra, por isso que achamos que nem sempre a uva provém do mesmo produtor local.
Futuramente postaremos os rótulos das safras que tomamos de brancos e tintos e, mais posteriormente, daquelas garrafas que trouxemos.
Por enquanto, vejam a imensa adega subterrânea do Palácio, onde ficam guardadas milhares de garrafas de todas as safras possíveis do Buçaco Reserva. Nossa visita à adega ("garrafeira", como chamam lá) foi de madrugada, após jantarmos. As fotos foram tiradas pela Taci linda.

PS: Na segunda foto estou apontando as duas safras que tomamos do tinto (1982 e 1996), que coincidentemente estão guardadas uma acima da outra na adega.

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