Hoje é muito comum o champagne brut, provavelmente a maioria das pessoas, quando pensa em champagne, pensa no espumante seco.
Mas não foi sempre assim. Aliás, por séculos o champagne produzido foi exclusivamente do tipo doce.
Muitos produtores até que pensaram em fazer champagne brut, ou seco, mas esta missão não era muito atraente, pois envolvia um alto custo para o desenvolvimento de uma bebida seca de qualidade, além de representar um risco enorme, pois o mercado existente nos séculos XVIII e XIX não estavam habituados e, pior, estavam acostumados ao champagne doce, como fonte de prazer, alegria e comemoração.
Mas um produtor, ou melhor, uma produtora, teve a coragem de desenvolver a produção de um champagne seco e de alta qualidade.
Foi Louise Pommery que aceitou o desafio de selecionar uvas melhores, maduras (o que era difícil, em razão do clima frio da região - aguardar a maturação completa poderia fazer com que a uva passasse do ponto, na época era comum colher antes para não arriscar), e de arcar com o custo de manter o champagne envelhecendo por três anos (ao invés de um ano, como ocorria com o doce): Outros produtores, como Louis Roederer, se recusavam a produzir champagne sem aditivos (açúcar ou álcool), para não perderem seus preciosos mercados, como a Rússia, que consumia muito os champagnes doces.
A maioria dos produtores e dos próprios empregados da Pommery eram céticos sobre a possibilidade de se fazer um bom champagne seco, as tentativas geravam bebidas ásperas e difíceis de beber.
O pior é que entre 1870 e 1873 as colheitas da região foram prejudicadas pelo tempo ruim, fazendo com que os champagnes secos produzidos pela Pommery não atingissem boa qualidade, dificultando muito sua difusão e venda.
No entanto, em 1874 a Pommery teve uma safra considerada a melhor do século, o que permitiu a elaboração de um champagne seco memorável, que atingiu preços altíssimos e mudou o conceito do consumidor.
O Brut 74 da Pommery foi o primeiro champagne realmente seco a ser vendido comercialmente, o que transformou a vinícola em uma das maiores e principais casas de Champagne.
Interessante transcrever o discurso do gerente financeiro da Pommery, após provar o Brut 74, conforme reproduzido no livro dos Kladstrup, sempre citado aqui:
"Nosso brut é dirigido apenas às pessoas que apreciam bebidas espumantes requintadas, que preferem finesse e bouquet ao excesso de gás e açúcar com que algumas casas costumam encobrir a fragilidade de seus vinhos. Depois que a rolha estoura, nosso champagne satisfaz o paladar e não somente os ouvidos."
O sucesso foi tão grande que Louise Pommery se tornou um verdadeiro mito na região de Champagne.O seu funeral, em 1890, foi o primeiro funeral de Estado organizado pelo governo francês a uma mulher, tendo havido o comparecimento de 20 mil pessoas, inclusive representantes do governo. O presidente da França até mesmo mudou o nome de uma cidade em sua homenagem. A cidade de Chigny, onde ficava sua casa de campo - ela adorava plantar rosas - passou a se chamar Chigny-les-Roses.Grande mulher, graças a ela temos hoje os fabulosos champagnes secos.
Não é à toa que o champagne brut é hoje o mais popular e nobre dos espumantes !!
rodrigo, todo champanhe brut é seco??
ResponderExcluirsempre quis comprar a M.chandon, mas só tem a brut. não sei se é doce ou seca..vc pode me ajudar..??
A brut sempre é seca. Se vc quer algo mais doce deve procurar a demi-sec, no caso da M.Chandon procure a chamada Nectar Imperial, que é demi-sec, muito boa e mais adocicada.
ResponderExcluirRodrigo