Esse eu tomei.
E tomei em grande estilo. Lá em casa no almoção de domingo (25/07/2010) com a turma toda (Carlão pai, minha mãe, Gi, Vó Vilma, Leda, Gabriel, Raquel e Rodrigo Peixe).
Fizemos como manda o figurino, colocamos a garrafa em pé uns 20 minutos antes de abri-la, decantamos cuidadosamente com a vela para que nenhuma borra passasse para o decanter, deixamos arejando por uns 20 minutos. De cara o vinho me encantou pela cor, um vermelho com tons violáceos (sei que esse comentário me custará caro...)
Logo depois que abrimos (abrimos junto com o Quinta da Dôna) experimentamos um golinho e já percebemos que se tratava de um grande vinho cheio de aromas e sabores. Percebemos, também, que estava muito mais encorpado e estruturado que os demais Buçacos tintos que tomamos lá no castelo em janeiro (1982 e 1996).
Após o tempo de "descanso" no decanter acompanhou maravilhosamente o delicioso almoço preparado pela equipe de cozinha liderada pela Chefa Giovana e suas assistentes de cozinha D. Ednéia, D. Leda e D. Virma, com a colaboração remota da D. Guiomar que preparou o molho de tomate.
Sem dúvida é um dos vinhos de maior personalidade que eu já tomei. Tem uma complexidade extraordinária e mantém-se delicioso. Não é um vinho apenas arredondado e gostoso, é um vinho que apresenta um extenso espectro de cheiros e sabores.
É fato que toda essa complexidade faz dele um vinho um pouco "difícil" de ser compreendido, pois notamos, de forma acentuada, sabores que não encontramos nos vinhos do nosso dia-a-dia. Posso dizer, sem medo de ser exagerado, que tem um forte sabor de couro, fumo, café, chocolate, passas... tudo isso equilibrado com frutas vermelhas adocicadas. Sua acidez, bastante presente, fica escondida pela potência dos sabores.
Eu achei simplesmente espetacular. Diria, inclusive, que está na idade certa para ser tomado. Experimentamos safras mais antigas em Portugal e posso dizer que esse foi o melhor de todos. Anote-se, também, que a safra de 2001 foi tão excepcional na Bairrada que o Palácio do Bussaco (isso mesmo, o nome do vinho é com "ç" e do Palácio com "ss"... vai saber!) produziu duas edições nesse ano, essa que tomamos, identificada com as letras "L 2001 V.M." - que não lembro o que quer dizer - foi a colheita especial que, segundo os funcionários do Palácio, deu o melhor Buçaco tinto dos últimos tempos. De fato!
Perceba que pelo fato do Palácio do Bussaco não se enquadrar nas normas técnicas ditadas pelos produtores da Bairrada, não pode mais nomear o vinho como "reserva", por essa razão passaram a usar a expressão "reservado".
Embora tradicionalmente esses vinhos sejam guardados por muitos anos, achei muito melhor tomá-lo mais jovem. Ainda tenho uma garrafa da safra 2004 em casa que será tomada em breve e o Rodrigo tem outra não sei que ano (acho que 2005). Que tal uma verticalzinha? Ademais, tenho ainda mais uma garrafa do Quinta da Dôna - idêntica a que tomamos no domingo - e uma garrafa do Bairrada 1988 do Luis Pato. Dá pra fazer uma grande esbórnia temática da Bairrada...rs...