Essa garrafa, vazia, está em casa desde 2006. Sua história é bastante interessante e marcante para mim.
Em 2006 eu fui até a casa de um cliente - algo incomum no meu cotidiano, mas que aconteceu porque eu precisava entregar alguns documentos e a casa dele é próxima da minha - e lá chegando fui convidado para tomar um café.
Como esse cliente é muito simpático e já era final de tarde, aceitei o convite e entrei para tomar um café.
A casa, muito ampla, tinha um bar em uma das quinas da sala, com um balcão e uns 3 bancos.
Sentamos ao redor deste balcão e começamos a conversar sobre os documentos que estava entregando, até que o assunto se esgotou.
Nesse momento comecei a reparar nas várias garrafas e quadros com rótulos de vinhos consagrados dentro do bar, o que fez com que o assunto mudasse para o mundo dos vinhos.
Este cliente me relatou que consumia muitos vinhos, que viajava muito para a Itália e outros lugares da Europa, de onde trouxe diversas caixas de vinho durante a década de 80 e 90.
Foi quando eu reparei que em uma das prateleiras do bar, em destaque, havia uma garrafa fechada deste Porto Vintage 1975.
Não daria importância alguma a este fato, pois em 2006 ainda não tinha a menor afinidade com os Portos (apenas conhecia os básicos, de que não gostava muito), mas não pude deixar de comentar que 1975 era o ano de meu nascimento.
Ele então fez questão de abrir o vinho. Tentei me opor, dizendo que era uma raridade e que meu comentário não tinha essa intenção, mas ele retrucou que não ligava mais muito para esses vinhos raros e se 1975 era o ano do meu aniversário já havia um ótimo motivo para tomarmos o vinho.
Sua esposa ainda trouxe alguns queijos enquanto ele abria a garrafa.
Para mim foi uma grande surpresa, eu não conhecia quase nada de Porto e nunca tinha visto um vinho desse estilo com coloração vermelha clara e aromas leves e frutados. Parecia um vinho de mesa. Combinou incrivelmente com os queijos leves que tínhamos a nossa frente.
Achava que Porto se tomava apenas um cálice, mas acabamos tomando quase que a garrafa inteira.
No final das contas, este cliente ainda me levou para conhecer sua adega subterrânea, que tinha uns 10 metros quadrados e muitas raridades que ele sequer pretendia consumir, como meia dúzia de Château Margaux (1977 e outra safra que não lembro), uma caixa de Don Perignon 1982, além de muitos Chateauneufs e Barolos.
Uma adega incrível, no subterrâneo, algo difícil de se ver em São Paulo.
Na saída ainda me deu de presente um Barolo 1986, que já relatei aqui...
Foram meus melhores honorários !!
Alguns meses depois fui novamente na casa dele para entregar outros documentos e ele havia guardado a garrafa - agora vazia - para me dar. Ela está em casa em um lugar especial, ao lado do Kopke Colheita 1975 que tomei esse ano.
Posso dizer que esse Porto foi o primeiro passo rumo ao apaixonante vício dessas maravilhas do Douro !
Obrigado Oswaldo, mais que um cliente.
Bela história!
ResponderExcluirQuero clientes assim também!!!
ResponderExcluirgostei da historia... muito interessante ... e que legal que voce teve o cuidado de guardar a garrafa, pois agora que voce se tornou um fâ de carteirinha de Portos ela passou a ter mais importancia ainda em suas lembranças de vida... bjs... elsa
ResponderExcluirQue sorte que vc deu nesse dia!!!
ResponderExcluirEu tenho uma garrafa de vinho do Porto produzido pelo meu bisavõ,José de Vasconcelos,para a Real Companhia Velha...em 1848!
ResponderExcluirCaro 'anônimo', tens uma maravilha em casa. Está na hora de abrir. Se quiser nos convidar para experimentar será um prazer...
ResponderExcluirAbraço,
Rodrigo